Muitas mentes brilhantes já se dedicaram ao estudo da justiça na história da humanidade. Ao contrário da visão contemporânea que busca definir a justiça partindo do âmbito político e das instituições humanas (como o Direito, os arranjos de distribuição de funções políticas, ou dos bens e dos encargos comuns à sociedade, etc) como fez John Rawls em sua obra "Uma Teoria da Justiça" (“A justiça é a primeira virtude das instituições sociais, como a verdade o é dos sistemas de pensamento.": p. 3), os clássicos partem para defini-la desde o caráter das pessoas e segundo o caminho da investigação ética. Essas duas formas de estudar a justiça podem ser designadas respectivamente de institucionalismo político e personalismo ético.
Eu, particularmente, sustento que uma teoria personalistico-ética a respeito da justiça é mais apropriada por ser mais perfeita ao incluir também uma posição a respeito dos critérios do justo político desde o ponto de vista do bem humano, e o resguardo da racionalidade da justiça através do apelo às instituições. Assim, enquanto teorias da justiça que partem do institucionalismo político sustentam ou assumem implicitamente que a justiça das instituições é condição suficiente para a justiça da sociedade, teorias ético-personalistas sustentam que instituições humanas justas são condição necessárias, mas não suficientes para que qualquer sociedade alcance um estado de coisas e arranjos políticos justos. Colocando o mesmo de outra forma, mesmo que tenhamos instituições justas a nossa sociedade não será justa se ao menos os governantes não possuirem o caráter reto e uma preocupação com os valores morais e as virtudes.
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